Minhas Artes

terça-feira, abril 17, 2007



E tudo mudou...

O rouge virou blush
O pó-de-arroz virou pó-compacto
O brilho virou gloss

O rímel virou máscara incolor
A Lycra virou stretch
Anabela virou plataforma
O corpete virou porta-seios
Que virou sutiã
Que virou lib
Que virou silicone

A peruca virou aplique, interlace, megahair, alongamento
A escova virou chapinha
"Problemas de moça" viraram TPM
Confete virou MM

A crise de nervos virou estresse
A chita virou viscose.
A purpurina virou gliter
A brilhantina virou mousse

Os halteres viraram bomba
A ergométrica virou spinning
O maiô virou fio dental
E o fio dental virou anti-séptico bucal

Ninguém mais vê...

Ping-Pong virou Babaloo
O a-la-carte virou self-service

A tristeza, depressão
O espaguete virou Miojo pronto
A paquera virou pegação
A gafieira virou dança de salão

O que era praça virou shopping
A areia virou ringue
A caneta virou teclado
O long play virou CD

A fita de vídeo é DVD
O CD já é MP3
É um filho onde éramos seis
O álbum de fotos agora é mostrado por e-mail

O namoro agora é virtual
A cantada virou torpedo
E do "não" não se tem medo
O break virou street

O samba, pagode
O carnaval de rua virou Sapucaí
O folclore brasileiro, halloween
O piano agora é teclado, também

O forró de sanfona ficou eletrônico
Fortificante não é mais Biotônico
Bicicleta virou Bis
Polícia e ladrão virou counter strike

Folhetins são novelas de TV
Fauna e flora a desaparecer
Lobato virou Paulo Coelho
Caetano virou um chato

Chico sumiu da FM e TV
Baby se converteu
RPM desapareceu
Elis ressuscitou em Maria Rita?
Gal virou fênix
Raul e Renato,
Cássia e Cazuza,
Lennon e Elvis,
Todos anjos
Agora só tocam lira...

A AIDS virou gripe
A bala antes encontrada agora é perdida
A violência está coisa maldita!

A maconha é calmante
O professor é agora o facilitador
As lições já não importam mais
A guerra superou a paz
E a sociedade ficou incapaz...

... De tudo.

Inclusive de notar essas diferenças.


(Luis Fernando Veríssimo)

2 comentários:

Lê. Andro disse...

Mudanças de hoje que mudarão de novo amanhã que mudarão de novo depois e que mudarão enquanto estivermos vivos... mas sempre nas mudanças algo se preserva que é a nossa identidade, a nossa digital, o que construímos de personalidade quando eramos crianças e o que foi embrutecido quando viramos adultos. Te reconheço nas atuais mudanças, talvez minha ignorância frente as coisas práticas, do dia-a-dia, não percebece, mas minha intuição, um sentimento mais profundo e sincero, menos utilitário, menos cotidiano, essa inteligência sensível, já esperava essa mudança vindo à tona há algum tempo... Mudamos. Agora sou mais astuto. Mudamos. Você é mais mulher. Mudamos. Sou menos menino apaixonado. Mudamos. Você tem outras verdades. Mudamos. Tenho um ar de preocupado, trago seriedade. Mudamos. Você corre atrás da felicidade. Mudamos. Pra melhor espero. Mudamos. Correndo ao redor do que nos une. Mudamos. E continuamos nos encontrando mesmo nas mais doloridas atitudes. Mudamos. Somos amigos. Mudamos. Talvez inimigos temporários. Mudamos se afastando e um dia vamos nos abraçar chorando palavras de saudade. Mudamos, é verdade. Mudamos pra nos reencontrar em outros. Mudaremos e nos reencontraremos de novo. Só não sei como. Só não sei quando. Mudamos no corpo. Mudamos no tesão. Mudamos pra nós. Mudamos pra família. Mudamos de amigos. Somos pessoas novas pros atingos. Mudamos. Te decifro. Estou mais tranquilo.

Não se preocupe, não vou me afastar de você. Mas preciso digerir todas essas mudanças no tempo. Até o tempo muda, fica quieto o tempo. Te revejo qualquer dia. Não sei qual, não sei como estarei... Um dia... te revejo esperando aquele beijo ou de cara fechada, sangrando por dentro. Mas meu olho vai brilhar e a gente vai poder conversar como pessoas importantes uma pra outra.

Beijos

Lê. Andro disse...

Não vai postar mais nada? Fico sem saber no que está pensando... ainda estou nesse processo de desespero se não te acesso.

Beijos!